Vingadores 2 – A Era de Ultron (The Avengers – Age of
Ultron)
Direção: Joss Whedon
Ano de produção: 2015
Com:
Robert Downey Jr., Chris Evans, James Spader, Elizabeth Olsen, Mark Ruffalo,
Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Paul Bettany, Aaron
Taylor-Johnson, Samuel L. Jackson, Andy Serkis, Don Cheadle, Anthony Mackie,
Cobie Smulders, Hayley Atwell.
Gênero: Ação
Classificação Etária: 12 Anos
O
novo tom da Marvel
Recentemente, compararam os filmes já lançados pela
Marvel e os lançados pela DC Comics e a conclusão que chegaram era que a Marvel
realiza seus filmes para divertir o público, ao passo que a DC mostra o lado
mais sombrio e realista.
Embora essa comparação tenha um fundo de verdade, ninguém
arrisca dizer que a recente série do Demolidor (lançada pela Marvel e Netflix)
seja divertida, muito menos que o pavoroso ‘Lanterna Verde’ (lançado pela DC em
2011) seja sombrio.
Mas uma coisa é fato: a Marvel amadureceu muito nos seus
últimos filmes e agora tem seu grande Universo muito mais interligado, seja em
suas séries de TV (‘Agents of Shield’, ‘Agent Carter’ e a já citada
‘Demolidor’) ou em seu vasto universo cinematográfico, com tudo o que já nos
foi apresentado e o que ainda está por vir e aquele clima de “sessão da tarde”
pode já não colar mais em seus filmes e, se aparecer, que seja bem feito.
‘Guardiões da Galáxia’ está aí para comprovar.
Com isso, a Marvel realiza seu filme mais aguardado:
‘Vingadores 2 – A Era de Ultron’ com um clima muito mais sombrio e pessimista
do que o filme anterior. Não chega a ser nenhum ‘Batman’ de Christopher Nolan,
mas está muito longe das “conversas de amigos” de Vingadores 1. Na verdade, há
várias piadas ao longo do filme, mas praticamente todas funcionam, até mesmo a
seqüência da festa, que de início pode parecer irrelevante, se torna
fundamental no desenvolvimento de um personagem lá na frente.
Após os acontecimentos de ‘Capitão América 2’ (‘Guardiões
da Galáxia’ ainda não entrou no Universo Marvel, mas vai entrar), com a Shield
sendo corrompida pela Hydra, os heróis começam o filme invadindo a base da
Hydra para resgatar o Cetro de Loki (personagem este, que está em Asgard), que
contém uma das Jóias do Infinito. Após o resgate, Tony Stark se sente impotente
perante as ameaças à paz mundial e cria um sistema de Inteligência Artificial
muito mais avançado do que seu Jarvis para garantir que o mundo não precise
mais dos Vingadores, daí que acidentalmente acaba criando o robô Ultron, que
defende que a única forma de haver paz mundial é acabando com a humanidade, se
volta contra seu criador e “rouba” as informações dos computadores dos
Vingadores, se tornando uma fonte inesgotável de conhecimento e poder. Nesse
meio tempo e na mesma base da Hydra, temos dois irmãos gêmeos criados por
manipulação genética, os Inumanos Pietro e Wanda Maximoff, (que apareceram na
cena pós-créditos de ‘Capitão América 2’ como “milagres”) mas logo escapam, se
voltando contra os Vingadores, mas descobrem quem é o verdadeiro malvado...
Pietro Maximoff, ou Mércúrio tem o poder da velocidade e
Wanda, que depois será a Feiticeira Escarlate tem o poder da manipulação mental
e da telecinese (e quando ela manipula a mente dos heróis é o ápice do filme,
bem quando ela manipula o Hulk para se voltar contra o Homem de Ferro em uma
luta espetacular) e vale ressaltar que nas HQs os dois são filhos do Magneto,
porém, por razões de contrato entre a Disney e a Fox, a origem deles foi
alterada e não ficou ruim, embora o Mercúrio de ‘X-Men: Dias de um Futuro
Esquecido’ esteja mais bem desenvolvido, muito por culpa das limitações de Aaron
Taylor-Johnson como ator (embora aqui não comprometa).
Já a Feiticeira Escarlate, vivida pela irresistível
Elizabeth Olsen é sim, uma personagem muito bem desenvolvida, com um grande
arco dentro da história e servindo de problema, tanto para os heróis como para
o vilão. E Elizabeth ainda será das grandes de Hollywood.
Fomos apresentados, também, ao Ulisses Klaw, papel de
Andy Serkis, que nos quadrinhos é o grande vilão do Pantera Negra (o herói terá
filme próprio em 2018) e sua participação funcionou mais como easter egg para preparar o público para
os próximos filmes, mas foi uma ponta importantíssima, considerando que nesse
arco o vilão Ultron roubou seus ‘Adamantuins’, para fortalecer seu corpo.
E por falar em Ultron, era difícil para o público
imaginar um vilão que parecesse ameaçador perante o grupo dos Vingadores e
enquanto o poderoso Thanos está ocupado com seus Guardiões da Galáxia, Ultron,
que é a criação de Tony Stark, logo se torna uma ameaça real e um inimigo a ser
combatido. Tem muito mérito da computação gráfica de ser design, obviamente,
que criou um personagem 100% digital sem parecer artificial demais, mas o
crédito maior é do grande ator que o interpreta: James Spader, que por décadas
foi motivo de piada em Hollywood, se viu em papéis pequenos e sem expressão
após ser uma grande revelação em ‘Sexo, Mentiras e Videotape’ de um distante
1989, só viu sua sorte e carreira sorrir em 2013, quando foi chamado para o
papel principal como o anti-herói na série ‘The Blacklist’. Na série, seu papel
não é só espetacular e dos melhores da TV atual, mas é puro deleite ver o que
esse grande ator poderia fazer ao longo desses anos e não o pôde pela
burocracia da indústria e também pela falta de um agente melhor. E este ano de
2015 ele foi indicado como Melhor Ator Dramático pela série, mas acabou
perdendo para Kevin Spacey por ‘House of Cards’.
E o que torna seu Ultron ainda mais especial é quando
sabemos que para a voz do vilão, não foram usados truques de computador ou
tratamento para a voz sair maior: foi a voz de forma limpa de James Spader. E
agora passados 26 anos, ele tem tudo para voltar a ter uma carreira
consolidada.
Outro grande personagem novo é o esperado Visão. Nas HQs,
ele é um robô movido por inteligência artificial construído por Ultron, mas,
como dessas ironias da vida, a criação se volta contra seu mestre e o Visão vai
para o lado dos Vingadores.
Aqui no filme, quem cria o Visão é o próprio Tony Stark,
que, após frustrado por causa do Ultron, ele cria uma nova inteligência
artificial, desta vez, usando a mesma tecnologia que usou para criar seu
Jarvis, tanto que o ator que o interpreta, que é Paul Bettany, (e o faz muito
bem!) é o mesmo dublador do Jarvis.
Há uma piada com o Thor, logo no início, que parece
arrastada de início, mas só a compreendemos quando o Visão aparece.
Nos quadrinhos ele se casa com a Feiticeira Escarlate, se
o cinema irá seguir à risca, é outra história, mas se contarmos que temos
atores tão legais como Paul Bettany e Elizabeth Olsen, a química pode ser boa.
E quanto a tudo que já havia de estabelecido e
consolidado dentro desse Universo Marvel, sejam os 6 heróis do primeiro filme,
a Shield e tudo mais, era muita ilusão dos fãs pensarem que seria mais do mesmo
ou que tudo seria lindo e maravilhoso como mostrado no primeiro filme, pois
praticamente todos esses heróis tem agora que lidar com suas dores pessoais e
reflexões sobre o que fazer na Terra. Pode ser o início da Guerra Civil, já
anunciada para 2016, pode ser a Marvel querendo explorar mais mundos ou
explorar mais aquilo que já é estabelecido ou, principalmente, uma questão
financeira, já que Elizabeth Olsen é uma atriz muito mais barata do que o cachê
milionário do Robert Downey Jr., por exemplo.
Mesmo com as suas séries de TV ligadas com o Universo dos
Vingadores, não há uma grande estrela e o estúdio pode usar e abusar desses
atores de forma livre e ainda manter a qualidade (a aparição de Peggy Carter é
tão rápida quanto espetacular).
As ligações com a série Agents of Shield são inevitáveis,
considerando que essa agência foi corrompida, que embora tenha um grandioso
arco por aqui, está melhor explicada e explorada na série. E até Agent Carter,
que se passa no passado, também há referências, e não devemos nos esquecer de
que Peggy Carter é uma das criadoras da Shield, junto com Howard Stark (pai de
Tony) e, já especulando aqui, considerando que o próximo filme da Marvel, que é
o Homem-Formiga (previsto para estrear nas férias de Julho) também terá link
com o passado, com Hank Pym, podemos esperar algo intercalado por aí.
A Marvel está fazendo o que os quadrinhos já fazem há
décadas, que é juntar tudo o que se faz em um único universo. E é o que Star
Wars também está fazendo, com os novos filmes, livros e HQs. E vejam só, também
é um produto da Disney, que também tem a Pixar e todos seus filmes em
live-action e fez um anúncio recente dos próximos filmes, juntando todos os
universos.
Alguém aí duvida que essa empresa ainda queira a
dominação mundial?
Nota: 10,0
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