Clube da Luta (Fight Club)
Direção: David Fincher
Ano de produção: 1999
Com: Edward Norton, Brad Pitt, Helena
Bonham Carter.
Gênero: Drama
Classificação
Etária: 18 Anos
Nota:
10
É preciso falar de “Clube da Luta”.
Acho que é perdoável se eu disser que não via “Clube da
Luta” com bons olhos, mesmo tendo Edward Norton, que considero dos grandes
atores americanos. Também pudera, um título desses sugere um filme de ação
cheio de testosterona considerando que ainda temos Brad Pitt como um dos
protagonistas.
Mas, para a minha grande surpresa, venho aqui dizer que
“Clube da Luta” é um dos grandes filmes da década de 90, e um dos mais
polêmicos também, para quem esperava, como eu, ação e efeitos especiais, como
eu, levou um soco no estômago.
Quando o filme estreou, em outubro de 1999, ele foi
acusado de ser maldito, manipulador, fascista, terrorista (e olha que foi
lançado antes do 11 de setembro). Sua reputação piorou quando um estudante
atirou em todos os presentes da seção do filme em um Shopping de São Paulo.
Felizmente, foi provado que não houve nenhuma ligação do crime com o filme. Clube
da Luta foi um fracasso de bilheteria, mas não demorou muito para ser
reconhecido, com a chegada em DVD, logo ganhou muitos fãs que ditam as frases
do seu roteiro eletrizante. Muito, mas muito a frente do seu tempo mesmo,
“Clube da Luta” teve uma mísera indicação ao Oscar de 2000 de Melhor Som.
Infelizmente, a Academia ainda não está preparada para um trabalho como esses.
Clube da Luta é contado em primeira pessoa em que o
narrador (Edward Norton, cujo nome nunca é revelado durante o filme) é um
executivo que trabalha como investigador de seguros, tem um apartamento
confortável, mas está entediado com a sua vida tão certinha. Para piorar, ele
tem crises de insônia pois ele frequenta grupos de auto-ajuda de viciados em
drogas, onde ele conhece a misteriosa e também viciada, Marla (papel de Helena
Bonham Carter). Em uma das viagens de avião, o narrador conhece o descolado
Tyler (Brad Pitt – incrivelmente ótimo no papel) e não demora muito para os
dois se tornarem amigos inseparáveis e logo Tyler revela um grupo secreto para
extravasar o estresse do dia-a-dia, o Clube da Luta, em que homens se reúnem
para se baterem até o fim, sem regras e sem armas. O plano, na verdade, é bem
mais ambicioso, é destruir e provocar terror nas instituições financeiras e
voltar às raízes de o porquê somos humanos.
David Fincher sabe mesmo como deixar a plateia em estado
de choque. Quando ele realizou o genial suspense “Seven – os sete crimes
capitais”, Fincher conseguiu deixar todos de queixo caído com um novo jeito de
vermos desfechos pessimistas, como um filme de serial killer pode, e deve, ser
inteligente sem apelar para a violência gratuita, além de transformar Brad Pitt
em um ator de verdade e não um modelo que só fazia pose de galã até então.
Neste filme aqui, ele não perdeu a mão mesmo. A violência é sim, física, mas é
ainda mais psicológica. As frases de Tyler tocam bem à plástica e máscara que é
o mundo atual comandado pelas grandes corporações e até hoje são frutos de
estudo em faculdades de psicologia e sociologia. Eis algumas frases memoráveis
do filme:
“Trabalhamos em
empregos que não gostamos, para comprar um monte de coisas que não precisamos”.
“Sem dor, se, sacrifício, nós não
teríamos nada”.
“É apenas depois de perder tudo é
que somos livres para fazer qualquer coisa”.
Outra coisa memorável até hoje são as regras para o Clube
da Luta, ditas pelos fãs, são elas:
1. Você
não fala sobre o Clube da Luta;
2. Você
não fala sobre o Clube da Luta;
3. Quando
alguém gritar “pára!”, ficar no chão ou desmaiar, a luta acaba;
4. Somente
duas pessoas por luta;
5. Uma
luta de cada vez;
6. Sem
camisa, sem sapatos;
7. As
lutas duram o tempo que for necessário;
8. Se
for a sua primeira noite no clube da luta, você tem que lutar.
Ah, outra coisa clássica em Clube da Luta é o
surpreendente final. É um dos desfechos mais impressionantes da história do
cinema. O interessante de se ver pela segunda vez é que depois de você saber o que
acontece, fica-se analisando se as pistas estavam lá, intactas, feitas pela o
espectador pensar um pouco mais pois aquilo que esta em cena pode ou não ser
real (alguém se lembrou de “O Sexto Sentido”?).
E vendo Clube da Luta pela segunda vez, só me permito
discordar da primeira e segunda regra: considerando que é um filme tão intenso,
polêmico e fruto de discussões, é preciso sim, falar de Clube da Luta.
Trailer:
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