Amor (Amour)
Direção: Michael Haneke
Ano de produção: 2012
Com:
Emmanuelle Riva, Jean-Louis Trintignant, Isabelle Huppert.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 12 Anos
Nota:
10
Haneke mostra porque é o melhor cineasta europeu da
atualidade.
No mundo cinematográfico de hoje, com tantas
superproduções, efeitos especiais e sendo essa a era do 3D, é difícil imaginar
que ainda existam cineastas que propõem alguma reflexão. E Michael Haneke faz
isso como poucos, sem contar que suas obras costumam ser perturbadoras e
ousadas, e por tanto, inacessíveis ao grande público. E se pegar como exemplo,
“Cache” e “A Fita Branca”, seus melhores trabalhos, vemos que, “Amor”, é, de
longe, seu filme menos pesado para o grande público e não menos interessante. O
filme surpreendeu a todos com as indicações ao Oscar que levou. A de Melhor
Roteiro Adaptado já era esperada, afinal, promete ser a grande barbada da festa
este ano, mas Melhor Atriz, Direção e Filme, soaram para os críticos como um
azarão.
‘Amor” conta a história de Anne (Riva) uma senhora que
sofre um derrame e fica de cama em casa sob os cuidados de seu marido, Georges
(Trintignant), que também recebe as visitas de sua filha (Isabelle Huppert) e
está pior a cada dia e com a morte cada vez mais anunciada.
Não há muito o que contar da história, aliás, a graça é
como Haneke conta a história. E o grande trunfo de seu trabalho é deixar as
imagens sempre límpidas e a fotografia simples para o espectador prestar
atenção somente nos personagens e no que é dito, e não na estética, como sugere
o padrão hollywoodiano de fazer filmes. E neste filme aqui, Haneke faz isso
como ninguém.
“Amor” é um filme sobre velhice, reflexões de uma vida
inteira, sem cair na pieguice americana e sem um conteúdo mirabolante, aliás, esta
é uma história simples e corriqueira, que poderia ser em qualquer residência.
Os atores estão ótimos, mas o filme é todo de Emmanuelle
Riva, indicada para Melhor Atriz no Oscar, aliás, a pessoa mais velha indicada
até agora com 86 anos (e este ano ainda temos a mais nova indicada este ano,
com apenas 9 anos de idade). Não acredito que ela levará a estatueta, já que
tem outras mais favoritas, mas seu trabalho mais acessível aqui para nós,
latino-americanos, que é nesse belíssimo drama, “Amor” merece ser apreciado e
aplaudido.
Tenho absoluta certeza de que “Amor” não irá bem nos
cinemas, afinal, é um filme sobre velhice, reflexões, europeu, que não tem nada
a ver com os padrões americanos de filmar, e ainda as duas horas de projeção
são inteiramente dentro de um apartamento. É um filme, realmente, para quem é
amante de cinema. E Michael Haneke mostra que não se curva aos prazeres que os
blockbusters dão, como dinheiro e publicidade e ainda resiste, e muito bem, em
fazer um cinema de autor, que quase só se via nos anos 1960. “A Professora de
Piano”, “Violência Gratuita”, “Cache”, “A Fita Branca” e agora, “Amor”, como
será que Haneke nos provocará da próxima vez?
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário