Lincoln (Lincoln)
Direção: Steven Spielberg
Ano de produção: 2012
Com:
Daniel Day-Lewis, Tommy Lee Jones, Sally Field, Joseph Gordon Lewitt, David
Strathairn, Hal Holbrook.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 14 Anos
Nota: 6,5
Spielberg realiza um grande épico com um intuito único:
ganhar prêmios.
Abraham Lincoln foi o 16º presidente norte-americano da
história, e foi um dos mais controversos, admirados e polêmicos também. Seu legado,
principalmente, no segundo mandato, em que a Guerra da Secessão, entre o norte
e sul dos Estados Unidos, eclodia no território daquele país. O que o
presidente queria era acabar com a guerra e pôr um fim à escravidão no país,
pois, segundo o próprio presidente, essa era uma prática arcaica. Acabar com a
guerra era fácil, pois era isso que o congresso queria, e depois que tanto
sangue foi derramado, o fim era só uma questão de tempo e o Norte seria
declarado vencedor. Mas acabar com a escravidão era algo difícil. Lincoln teve
que ser um articulador e negociador entre todo o congresso, principalmente
entre as brigas ideológicas entre o partido Republicano e o Democrata, mas
também ele teve que lutar contra muitos preconceitos daquela sociedade da
segunda metade do século XIX que hoje em dia parecem ridículos, como o fato de
negros e mulheres não poderem votar.
A luta
de Lincoln contra a escravidão no ano de 1865 inspirou muitas práticas
abolicionistas, inclusive no Brasil, no ano de 1888, inspirados pelo
Positivismo, de Comte, e, daí, pode-se dizer que ele era um homem muito à
frente de seu tempo. Seus ideais inspiram muitos líderes, principalmente
norte-americanos, a seguirem seus legados, como o atual presidente Barack
Obama. É importante entender o porquê temos uma estátua de Abraham Lincoln na
Casa Branca ou por que temos uma imagem dele na nota de Cinco Dólares.
E foi
baseado nessa mística em torno do 16º presidente norte-americano que o diretor
Steven Spielberg e o roteirista Tony Kushner adaptaram o livro Team Of Rivals:
The Genius of Abraham Lincoln, de Doris Kearns para contar, não uma biografia,
mas os últimos anos da vida de Abraham Lincoln, principalmente os últimos
quatro anos que foram a sua reeleição turbulenta, marcada pela disputa pela 13ª
emenda na Constituição que previa a abolição da escravidão, para realizar “Lincoln”,
um filme que não tem nada a ver com os anteriores de Spielberg e surge como o
grande favorito ao Oscar deste ano.
Quem
faz o ex-presidente é o sempre ótimo Daniel Day-Lewis. Não tenho nenhuma
ressalva ao seu papel, que está devastador e mostra como Day-Lewis se entrega
de verdade aos papéis em que ele representa, na qual ele estudou e ensaiou de
fato os trejeitos do ex-presidente. E não só ele. Todos os atores se parecem muito
com seus personagens históricos, como a atriz Sally Field (indicada para Melhor
Atriz Coadjuvante), como a primeira-dama. Foi uma grande reconstituição de
época de Spielberg, que também emplacou as indicações de Melhor Figurino e
Direção de Arte.
Para
quem vai ao cinema como fã de Spielberg, pensando que verá mais uma de suas
superproduções, como Jurassic Park e Indiana Jones, ou seus filmes mais densos,
como “O Resgate do Soldado Ryan” vai quebrar a cara. Apesar de ter uma guerra
como pano de fundo, esse é um filme essencialmente político, são duas horas e
meia com praticamente só diálogos, que, portanto, o grande público pode achá-lo
enfadonho e, por ser político, pode não agradar muita gente. Dá pra concluir
que, se não fossem as indicações ao Oscar e ter as credenciais de “Spielberg”,
o filme poderia até passar despercebido, mas não foi o caso.
Mas o
fato é, que mesmo com todo o esforço do elenco, e olha que estamos falando de
ótimos atores, o filme é todo certinho e quadradinho para ganhar prêmios. Com uma
história tão rica e com uma personalidade tão influente, o filme apenas “cumpre
seu papel” como um favorito a ganhar muito Oscar e não há um só momento em que
o defina como um grande filme.
Outro
grande problema: “Lincoln” é americano demais. É clara a intenção de Spielberg
em fazer uma obra devota demais e feito unicamente para agradar os ianques. Por
causa dessas características, de patriotismo exagerado e de ser muito
quadradinho, venho dizer que “Lincoln” é, desde já, o super favorito a levar o Oscar
de Melhor Filme este ano, até por que, os Estados Unidos não são uma nação tão
amada hoje em dia como foi outrora, principalmente pela Doutrina Bush e pela
Guerra do Iraque. E com a crise estando longe de acabar, tanto nos Estados
Unidos, como na Europa, pode ser que a indústria queira compensar esse
sentimento começando a premiar uma obra maniqueísta. É uma pena que essas são
as características de um cineasta que já foi considerado gênio. Até os grandes
têm suas fraquezas, infelizmente.
Trailer do Filme: