Unbreakable Kimmy Schmidt – 1ª Temporada
Criada por: Tina Fey e Robert Carlock
Ano de lançamento: 2015
Com: Ellie Kemper, Tituss Burgess,
Jane Krakowski, Dylan Gelulla, Carol Kane.
Gênero: Comédia
Classificação Etária: 14 Anos
Nova
série da Netflix é diferente e irresistível
Já com o seu sistema consolidado, a Netflix agora tem
mais liberdade em investir em mais séries e ousar mais. E para quem achava que
Orange is the New Black era uma série diferente, ainda não viu nada.
Unbreakable Kimmy Schmidt é a nova aposta desta mídia,
tem como uma das criadoras ninguém menos do que Tina Fey (que criou ‘30 Rock’ e
por 3 anos seguidos apresentou o Globo de Ouro junto com Amy Poehler), tem uma
idéia originalíssima, elenco afiado e mesmo com um pé no drama, jamais deixa de
ser comédia.
Na história, temos um grupo de 4 mulheres, chamadas de
“mulheres toupeiras”, que ficaram 15 anos presas em um alojamento subterrâneo
em Dunsville porque um reverendo fanático as colocou lá, pois temia o
apocalipse.
A série começa com o resgate e o caso se tornando de
domínio público e, após um evento em Nova York, uma delas, Kimmy Schmidt (da
série ‘The Office’) decide ficar na Big Apple para viver tudo aquilo que perdeu
em 15 anos.
A temporada acompanha nossa protagonista tentando se
virar em uma grande metrópole, ao mesmo tempo em que precisa se atualizar com
mundo em geral.
Com pouco dinheiro, Kimmy consegue uma casa alugada no
subúrbio e divide o lar com um sujeito chamado Titus (que, às vezes, é
exagerado, mas funciona muito bem como alívio cômico, mesmo sendo uma série de
comédia) e consegue um trabalho como empregada em uma casa luxuosa.
A série pode não se tornar um fenômeno, como House of
Cards ou Orange is the New Black, até porque apresenta uma temática muito
diferente do convencional das sitcons americanas e pode soar estranha para o
grande público. Temos uma protagonista ingênua e inocente e, como ela perdeu os
últimos 15 anos de sua vida, algumas situações podem causar estranhamento em
quem assiste (ela não reconhece um telefone celular, por exemplo) e algumas
piadas mais ácidas (inclusive com as ditas, “minorias”) podem causar repulsa no
espectador.
O roteiro afiado de Tina Fey brinca com a bizarrice
humana, não há personagens “normais” e, por mais que alguns tentem manter as
aparências, escondem algo de sombrio, em especial na casa onde Kimmy trabalha:
sua patroa, Jacqueline Voorhes (em uma clara referência ao Jason de Sexta-Feira
13) é uma socialite com excesso de preciosismos, mas que esconde seu passado
como índia (mostrado com muita maestria em flashbacks). Sua filha, Xanthippe, é
uma típica patricinha nova-iorquina, humilha Kimmy, sempre foi mimada e tem
amigos “descolados”, mas esconde que é uma aluna aplicada, é virgem e nunca
ingeriu drogas, independentemente de ser ilícita. E mesmo o Sr. Voorhes, que é
um pai e marido ausente, claramente trai sua esposa.
De início, Kimmy esconde que era uma “mulher toupeira”,
mas, com algumas pressões, seja de Xanthippe, ou de suas ex-colegas, ela começa
revelando aos poucos, mas, o que parecia ser algo abominável para ela, acaba
sendo a maior vantagem: ela ganha a confiança de Jacqueline, de Titus e
consegue dois pretendentes, um playboy nova-iorquino e um imigrante oriental. A
menina toda perdida do começo da temporada começa a ficar mais esperta e, com o
passar dos episódios, sua presença começa a se tornar fundamental e ninguém
(mas ninguém mesmo!) consegue mais viver sem ela, inclusive resolvendo
situações que ninguém jamais sonhou que aconteceria, como ela desmascarando
Xanthippe na frente dos colegas e também desmascarando o professor de ginástica
picareta.
Na segunda metade da temporada, descobrimos que o
reverendo está em processo de julgamento e muitos episódios estão focados
nisso, mas, o que poderia ser um momento tenso, acaba sendo um deleite: o
reverendo tem uma lábia capaz de convencer até o jurado mais cético, os
promotores, bem como o juiz claramente não estão preocupados com o tribunal e o
julgamento acaba virando um espetáculo de TV.
Unbreakable Kimmy Schmidt se torna ainda mais um
excelente programa quando temos algumas participações especiais de muitos atores
bons conhecidos por outras grandes séries: a própria Tina Fey interpreta a
promotora atrapalhada. Kieman Shipka, a Sally Draper de Mad Men, aparece no
9° episódio. Dean Norris,
o Hank de Breaking Bad, revela uma veia cômica jamais vista: no 10° episódio,
ele ensina Titus a “virar homem” em momentos hilários.
Mas nenhuma aparição se compara a de Jon Hamm, o grande
Don Draper de Mad Men. Ele faz ninguém menos do que o reverendo e são dele os
momentos mais engraçados da temporada: ao mesmo tempo em que ele é réu, ele é
advogado, tem uma lábia poderosa e convence a todos que fez o que fez “pelo bem
das meninas”. Foi muito bom vê-lo em um papel fora de sua zona de conforto em
Mad Men. E não devemos deixar de reparar na crítica ácida que o roteiro faz com
o fanatismo religioso e de como a ignorância pela leitura da religião pode
levar a atos hediondos.
Esta série merece uma chance nas premiações (o Emmy será
no 2° semestre), seja como série de comédia, alguns coadjuvantes ou essa atriz
irresistível que é esta moça maravilhosa chamada Ellie Kemper. A escolha para
viver Kimmy não poderia ter sido melhor. Ela transmite a leveza e inocência que
sua personagem exigia, seja pelo olhar ou pelas ações.
Unbreakable Kimmy Schmidt já foi renovada para uma 2ª
temporada. É uma série rápida, com apenas 13 episódios com duração de 25 minutos,
o que dá para ver em poucos dias.
Com uma idéia dessas, a série poderia se tornar
dramática. Poderia usar um coma ao invés de isolamento, mas o roteiro usa do
bizarro para contar algo que parece óbvio, mas de óbvia Unbreakable Kimmy
Schmidt não tem nada.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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