Truque de Mestre (Now You See Me)
Direção: Louis Leterrier
Ano de produção: 2013
Com:
Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Mélanie Laurent, Isla Fisher,
Morgan Freeman, Michael Caine, Dave Franco, Michael Kelly.
Gênero: Suspense
Classificação Etária: 12 Anos
Nada é o que parece ser em Truque de Mestre.
É difícil olhar para a carreira do diretor Louis
Leterrier e imaginar um filme tão poderoso quanto Truque de Mestre. Ele dirigiu
o irregular Cão de Briga em 2005, a continuação de Carga Explosiva em 2006, o
superestimado O Incrível Hulk, em 2008 e em 2010 ele fez aquele que é seu pior
filme e o pior uso da tecnologia 3D da história em Fúria de Titãs. Mas, nada
como dar a volta por cima e com um bom elenco (e que elenco!!!!) e um roteiro
muito bem amarrado para conquistar um sucesso de público e crítica com Truque
de Mestre, um filme absolutamente delicioso de se assistir, uma grande prova
que efeitos especiais são sim, uma ferramenta que deve acompanhar a história e
que superou às expectativas depois de um trailer devastador que dominou o 1º
semestre de 2013 nos cinemas do país. Nas explosivas férias do mês de julho,
foi difícil imaginar que esse filme fizesse o sucesso que anda fazendo. Até o
dia que escrevi esse comentário, o filme já havia ultrapassado a marca de 1
milhão de espectadores. Em tempos dos filmes mais blockbusters do ano, é muito
bom ver que um filme que não é franquia atrair multidões. E é feito com muita
inteligência.
Na história, quatro mágicos, que se intitulam “Os Quatro
Cavaleiros”, Daniel Atlas (Eisenberg), Mc Kinney (Harrelson), Henley Reeves
(Fisher) e Jack Wilder (Franco) têm seus destinos cruzados por cartas
enigmáticas enviadas por um total desconhecido, apenas se sabe que tem a ver
com a lenda egípcia de “O Olho”. Em um mega espetáculo do grupo, eles realizam
um assalto em um banco de Paris. Isso sem nunca ter ido para lá e usando apenas
truques de magia. Isso chama atenção da polícia, em especial do agente do FBI,
Dylan Rhodes (Ruffalo) e da agente francesa da Interpol, Alma Dray (Laurent)
que quer descobrir como o dinheiro some em questão de segundos. Porém, os
Cavaleiros sempre parecem estar a um passo a mais da polícia. Entra em cena,
também, uma espécie de empresário do grupo, o magnata Arthur Tresslere (Caine)
e Thaddeus Bradley (Freeman), uma espécie de Mister M, que revela os truques de
mágica do grupo de Cavaleiros. Segundo o próprio grupo, nada é o que parece ser
e, quanto mais perto você olhar, menos vai enxergar.
São inúmeras razões que as pessoas vão ao cinema. Seja
apenas entretenimento, por aquele ator ou atriz em que se é fã ou até à aquela
franquia amada de sucesso. Mas teve uma coisa que ficou de certa forma perdida
nos últimos anos: a magia. Sim, cinema é magia, é, muitas vezes, transpor
àquilo que é real para deixar a plateia mágica e com a capacidade de sonhar
muitas vezes. Martin Scorsese fez isso com o seu “A Invenção de Hugo Cabret”,
que é, no meu conceito, o melhor uso da tecnologia 3D até o momento. E nessa
questão da magia, Truque de Mestre faz muito bem, em transpor àquilo que é real
e àquilo que é capaz de atiçar a plateia muitas vezes só com o olhar dos
personagens. Mesmo alguns efeitos que podem passar despercebidos, como a câmera
giratória (eternizado por Alfred Hitchcock), que aqui é muito bem usado e de
certa forma faz parte da história, exatamente para dar um clima maior às
reviravoltas da trama que, veja, são muitas.
A montagem e edição do filme também estão perfeitos. A
introdução, de aproximadamente 10 minutos são uma verdadeira aula de cinema de
como fazer um personagem (ou 4 personagens) até então desconhecido ficar para
sempre na memória da plateia e mostrar sem muitas explicações e ainda ser claro
em seu propósito. Depois temos o grande assalto em Paris, (mostrado à exaustão
no trailer) e a a sequência absolutamente irresistível da penitenciária. Até
mesmo alguns clichês que parecem repetições nas super produções funcionam muito
bem aqui, como a eletrizante perseguição de carro entre Jack Wilder e Dylan
Rhodes e o possível romance entre Rhodes e Alma.
Mas com todas essas qualidades o maior trunfo de Truque
de Mestre é o seu elenco. É um ator melhor que o outro, no estilo do
Christopher Nolan e não me lembro de um filme com tanto ator legal: Jesse
Eisenberg, o Mark Zuckerberg de “A Rede Social”; Mark Ruffalo, o Hulk de “Os
Vingadores”; Woody Harrelson, o Haymitch da trilogia “Jogos Vorazes”; Mélanie
Laurent, aquela menina judia irresistível de “Bastardos Inglórios”; Isla
Fisher, de “Delírios de Consumo de Becky Bloom”, Dave Franco, irmão de James
Franco e Michael Kelly (da série da Netflix “House Of Cards”), além de, claro,
dois grandes do cinema que dispensam comentários: Michael Caine e Morgan
Freeman.
Eu li algumas resenhas e teve crítico até falando mal do
filme dizendo que ele era apologia ao crime e que mostra os bandidos como
heróis. Discordo. Primeiro que os mágicos em questão realizam ilusões de ótica,
é revelado ao longo do filme que tudo não passa de truque. Segundo que os
Cavaleiros não são bandidos. São quase uma espécie de Robin Hood, que iludem as
corporações e devolvem o dinheiro da crise (em questão, a crise de 2008) à
plateia. Sim, nós torcemos pelo grupo, sim, eles estão sempre à frente da
polícia. Mas não dá para negar que personagens assim, que desafiam o sistema e
conquistam as multidões assim deveriam ser reais (alguém se lembrou de “V de
Vingança”?).
E o final, que é uma obra-prima, é tão cheio de mistérios
que dá vontade de voltar o filme e se todas as pistas estavam lá (alguém se
lembrou do final surpreendente de “O Sexto Sentido”?).
Ao lado de “O Grande Truque” e “O Ilusionista”, “Truque
de Mestre” entra na galeria dos filmes de magia e desde já está entre os
melhores filmes de 2013. Quem sabe pode estar entre os 10 indicados de Melhor
Filme do Oscar de 2014?
Nota:
10
Imagens:
Trailer:
Mandou bem na resenha, Pessoas!
ResponderExcluirEu fui assistir e nem esperava muito pelo filme. O trailler era até atraente, mas com tanto filme ruim com traillers bons não criei muita expectativa.
Nem conhecia o diretor, mas pelo que parece é o primeiro filme nota 10 dele.
O elenco realmente é de tirar o fôlego. A primeira atriz que me chamou a atenção foi a francesa Mélanie Laurent, que curiosamente quando fui assistir estava com o CD dela no celular (sim, ela é cantora também). Passei a gostar ainda mais do Mark Ruffalo. Nem preciso comentar nada do Morgan Freeman, né? E a atuação que mais me surpreendeu foi da Isla Fisher, pois até então só sabia que ela tinha atuado em filmes bem mais ou menos, mas ela se saiu muito bem neste.
Roteiro impecável! Forte favorito ao melhor filme do ano pra mim.
“Quanto mais você olhar menos você vai ver.”
Abraços!