segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Tudo pode dar certo

Tudo pode dar certo (Whatever Works)
Direção: Woody Allen
Ano de produção: 2009
Com: Larry David, Evan Rachel Wood, Patricia Clarkson.
Gênero: Comédia Dramática
Classificação Etária: 12 Anos
Nota: 9,0

Há diretores que são tão únicos no cinema que só de bater o olho em uma cena já se sabe quem está por trás de um determinado filme. E “Tudo pode dar certo”, de Woody Allen é um desses. Mesmo sem saber de antemão quem o dirige, fica claro desde a primeira seqüência que estamos falando de uma obra de Allen. Primeiro pela análise psicológica das personagens. O nosso protagonista fica analisando, sempre de forma negativa, a todos ao seu redor e à sua vida em geral. Outra característica é o uso da metalinguagem, ou seja, em que o autor conversa com o leitor (aqui, neste caso, com o espectador), uma referência ao personagem do próprio Woody em “Annie Hall”, que, aliás, os dois personagens são muito parecidos psicologicamente. Outra coisa foram as situações hilárias com o desfecho das personagens, aquela sensação de que a idéia só poderia ser de um cineasta realmente único que é Woody Allen, além de uma trilha sonora inesquecível e locações de encher os olhos.

Allen filma em sua terra natal, Nova York, algo que não acontecia desde 2004, com o simpático “Melinda e Melinda”, pois, nesse meio tempo, ele se aventurou pela Europa, com “Match Point”, “Sonho de Cassandra” e Scoop – “O grande furo”, em Londres “Vicky Cristina Barcelona, na Espanha; e depois, na França com a obra-prima “Meia-Noite em Paris” e com o recente “Para Roma com Amor”, na Itália”.

“Tudo pode dar certo” conta a história de Boris (Larry David), um velhinho bem ranzinza, que adora analisar psicologicamente as pessoas, tem uma visão pessimista das coisas e, após uma tentativa fracassada de suicídio, trabalha como professor de xadrez para crianças. Mas ele não leva jeito para a coisa, pois, costuma ofender aos pequenos leigos no tabuleiro. Em um dia aparentemente corriqueiro, ao entrar em seu apartamento, Boris se depara com a jovem Melodie (vivida por Evan Rachel Wood, de “Aos Treze” – que é uma graça). A garota implora para morar com Boris, que acaba aceitando, embora de contra a sua vontade. Logo, ela arruma um emprego, mas não é dos mais atraentes para Boris, que é de passeadora de cachorros. Melodie se revela um doce de pessoa, embora não seja tão inteligente. Já Boris é arrogante e ranzinza, mas com um QI elevadíssimo. Não demora muito para ela se apaixonar por ele, os dois têm um relacionamento incomum, chegando a um estranho casamento.

Mais tarde, surge a figura da mãe de Melodie, Marietta, vivida por Patricia Clarkson, que de início é contra o casamento e trata de procurar um relacionamento mais jovem para a filha. Surge também o pai de Melodie, que havia traído Marietta com uma prostituta e veio pedir perdão. Ah, ele também é contra o casamento de sua filha.

            O filme acerta pelo fato de ser simples. Roteiro e personagem corriqueiros. Quem está acostumado apenas com as superproduções hollywoodianas, possivelmente, não irá gostar, por achar que é “muito parado”. Até o elenco é praticamente desconhecido. Larry David, que não é conhecido pelo grande público, já trabalhou com Allen em “A Era do Rádio” e “Contos de Nova York”. Evan Rachel Wood, que fez aquele filme maravilhoso, que foi “Aos Treze”, logo caiu no esquecimento, mas fez um papel memorável em “O Lutador”, na qual faz a filha de Mickey Rourke, agora, esperamos que seja a ressurreição dela, que é uma boa atriz.

            Outro ponto alto do filme é não julgar as personagens. Com um roteiro desses, um diretor qualquer poderia fazer algo como, “um senhor sem humanidade é enfeitiçado por um anjinho da guarda chamado Melodie que o faz enxergar esse sentimento chamado amor”. Felizmente não é assim. Boris é mais parecido com nós do que a gente imagina. Melodie não é 100% boazinha (não explicarei o porquê, isso é revelado no desfecho) e o final é tão inesperado que só poderia ser de Allen. Só mesmo ele poderia cutucar com tanta acidez no psicológico humano. Coisa de gênio. Coisa de Woody Allen.


Fotos:












Trailer do Filme:







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